quinta-feira, 19 de maio de 2011

Elogio do Indivíduo & Elogio do Cotidiano

          Além de apaixonada  por História e por ler,arte me faz sentir,pensar,me tira deste mundinho feio em que vivo  e,muito antes de estudar mais ou o pouco que cheguei a conhecer “pessoalmente”,via as reproduções  destes que descobri  serem dos “Países Baixos”,”Flamengos”,da Holanda e flutuava,me encantava.Quando me deparei com os ensaios do Todorov(Tzvetan Todorov,historiador  francês de origem búlgara,deve ter uns 70 anos ou mais.Foi diretor do Centre National de Recherche Scientifique , CNRS,dá aulas nos EUA,Yale,se não estou muito desatualizada) encomendei e li num instante.São bon marché e as reproduções(poucas em relação à edição encadernada)em preto e branco,mas com meus livros e a net,fui revivendo e entrando em suas reflexões.Como sempre,muito erudito mas não acadêmico,leva a gente junto e faz análises esclarecedoras e não viaja em ismos nem tendências,leitura fácil e maravilhosa.
         No Elogio do Indivíduo – a pintura flamenga da Renascença,narra o como de lembrança mortuária,enaltecimento a deuses,reis,imperadores,guerreiros  e afins o “indivíduo” passou a ser retratado – primeiro os mecenas,doadores,senhores dos artistas,que comandavam ateliês  depois,os “bem de vida”.Fala do aprimoramento técnico,das criações de pigmentos,texturas,saindo da encáustica(que tinha base em material resinoso quente)para a pintura em tela e a óleo.De como os mestres destes grupos de artistas começaram a criar traços próprios e a fazer obras “de”,com características particulares  de sua habilidade.
       Daí,passando para o Elogio do Cotidiano – a pintura holandesa do séc XVII,usando alguns trechos do livro:
     Antigamente se fazia arte para os deuses e para os príncipes.Talvez é chegado o tempo de fazê-la pelo homem” – Théophile Thoré,citado como o “descobridor” da pintura holandesa no séc XIX.
          Toda representação pictural de um ser ou de um objeto significa que são dignos de ser representados e merecem reter a atenção,de sobreviver ao instante de sua aparição...mesmo nos Países Baixos,calvinistas,as sanções morais nãos diminuíam o prazer que se tem ao apreciar as imagens......através de suas representações os pintores apontam sua aprovação a uma certa maneira de ser e de viver...mesmo as “características formais” não são limites,a pintura produz um sentido que se move num universo habitado por outros sentidos...Não é a realidade que é uniformemente perfeita,é o olhar do pintor que,escolhendo dentro do mundo e transformando-o,nos coloca em contato com a beleza...é um hino à vida,toda,inteira...os pintores parecem amar os seres que pintam e o mundo material que os envolve...A pintura holandesa não nega as virtudes e os vícios,mas os transcende numa “rejouissance” frente à existência do mundo...São conduzidos por sua idéia de beleza,ao mesmo tempo um conhecimento e uma moral- e como “donos” de sua arte,poder decidir por si mesmos a beleza de um gesto....{Há}uma harmonia da moral e da estética,do ideal e do real....não inventam a beleza,descobrem-na...Existe dentro da história das criações humanas,arte,literatura,pensamento,momentos que temos vontade de dizer “abençoados’,durante os quais a humanidade se enriquece de uma visão nova dela mesma e que,por seguinte,constituem sua identidade...Nestas épocas existe uma adequação perfeita entre o contexto histórico e geográfico e o que se produz,entre sentido e forma,de que os pintores se aproveitam sem o saber(e que se perderá de maneira também misteriosas)... não são fórmulas....algo mais essencial que trata da interpretação memo do mundoe da vida...não é a virtuosidade artística mas sabedoria humana.Por isso não é suficiente admirar os quadros mas tentar decifrar a mensagem que nos trazem ou perceber seu segredo.Eles descobrem que a beleza pode impregnar a totalidade da existência.”

          Bem,daí pra escolher algumas imagens,trabalho de Hércules.Deixarei algumas,mais uma lista de nomes dos artistas citados e uma indicação minha(filme e livro Moça com Brinco de Pérola –gostei mais do livro).
Irmãos Limbourg
Robert Campin(maitre de Flémalle)
Rogier Van der Weyden
Jan Van Eyck
Jacques Daret
Petrus Christus
Hans Memling
Franz Hals
Brower
Van Ostade
Derick  Hals
Judith Leyster
Molenaer
Rembrandt
Gerard Dou
Carel Fabritius
Nicolas Maes
Gabriel Metsu
Ter Borch
Van Mieris
Pieter de Hooch
Vermeer













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