sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Releitura: O Retrato do rei




Reli o Retrato  do Rei ,da Ana Miranda.
Resgatei um exemplar de sebo,ele está esgotado há tempos,e a minha edição tinha sido expurgada na última mudança,mas senti vontade de ler novamente esta história.É uma narrativa com fundo histórico e passada no Brasil Colônia e é tão raro conseguir ter textos literários sobre este período que achei por bem tê-lo novamente.
A base da história é a Guerra dos Emboabas nas Minas - Capitania de Rio de Janeiro,Minas e São Paulo(era tudo uma coisa só) - no início do séc. XVIII,tendo como pano de fundo o envio do retrato do rei recém coroado,e uma história de amor que não se realiza.
Enquanto o texto fica no embate entre os "reinóis"(portugueses) e os paulistas,pelo controle das minas de ouro,do comércio e de governo ele se mantém interessante.E,mais uma vez,a gente vê a cobiça,corrupção,os jogos de poder,as trapaças,só que neste caso,acabou em guerra civil.
Os personagens são crus,diretos ,sua "realidade" - criada a partir dos registros históricos/correspondências- mostra os interesses escusos,a hipocrisia.Um pouco do cotidiano de uma terra sendo desbravada,"sertão" e o tipo de vida que acontecia.Livres,escravos,mestiços,estrangeiros,todos numa "convivência" nada pacífica.
Até aí tudo bem,mas há um possível casal que em meio à luta  vai se apaixonando,mas sem que os sentimentos sejam expressos.E a guarda do retrato do rei,a "majestade em efígie" vai passando das mãos deles,aos portugueses e  é usada como meio de se terminar a guerra,quando finalmente fica com os paulistas, como modo de representar o "apoio real" - mas não garante a vitória no combate.
E entre as lutas,idas e vindas ,a protagonista de nobre portuguesa entediada,vira mineradora e viajante pelas trilhas,à procura do retrato que desviou .É a parte inverossímil do texto,quanto mais com o fim dela na história e  o do homem que ela descobre amar.É o ponto fraco.
Se tivesse ficado restrita ao combate/luta pelo poder , seria muito melhor,mas isso foi a impressão que ficou pra mim,não sei se esta não seria a parte preferida de outros leitores - mas  é o que estraga muito os livros do gênero,ainda mais estes atuais,nos antigos ,faz parte.



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