segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Update




Estou navegando pelas cartas do Caio Fernando Abreu e como está diferente o rítmo desta leitura.
Estou gostando muito e ao mesmo tempo lendo o livro muito aos poucos.Poucas cartas de cada vez e intervalo de dias para pegar as próximas.Muita coisa toca,lembranças dos anos 80/90,pessoas citadas que fizeram parte da minha memória daqueles tempos,fatos que atingiram todo mundo(planos econômicos,inflação disparada,perrengue de dinheiro,a politicagem,censura).Ele falando do problemas para se manter,das constantes mudanças de endereço,apertos para conseguir publicar suas obras em meio aos múltiplos trabalhos que era obrigado a aceitar para manter as contas - e eu lembrando meus próprios problemas na época,com a diferença que eu era muito jovem,começando a trabalhar e ele já era mais maduro e estabelecido,apesar das dificuldades.E este país "atrapalhando" o desenvolvimento pessoal,a história de sempre só que naquele período ,fim da ditadura,ainda haviam esperanças,que pluft!Foram para o espaço.
Ele é muito aberto em suas cartas,fala de tudo,seus problemas afetivos além de todo o resto,e daí pra lembrar que as cartas eram muito importantes,muito mais que e-mails e what's de hoje,eram mais profundas,mais perenes.Era um alegria receber ou enviar cartas,era um hábito que infelizmente a velocidade da comunicação online destruiu.E essa memória que fica escrita,por mais parcial  que seja(não temos as respostas,só as que ele enviou e foram disponibilizadas para o livro - com alguns nomes citados transformados apenas em iniciais,quando não omitidos,bem como alguns trechos) é muito importante.Retrata uma época.
Muito interessante também ele mostrando o processo criativo,a ralação que é construir um texto de qualidade,anos para conseguir terminar alguns deles.Sim,a inspiração o encontrava trabalhando.E apesar de tudo ele foi publicado,encenado e premiado em vida.
Pois ele morreu no auge,na maturidade do talento.Foi um entre muitos que a AIDS levou - o livro ainda não alcançou o "fim",mas dá vislumbres quando são citadas outras vítimas. Cazuza aparece assim.

Estou com apenas 36% da leitura(lendo no Kindle) e acho que ela vai assim,devagar até alcançar o que falta:a época dos seus começos,ínicios profissionais/afetivos - as décadas finais estão no começo,as mais antigas ficaram no fim desta organização/seleção de correspondência.
Recomendo mesmo,ótima leitura.

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